sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Poema de Rui Almeida


A prontidão das sombras resume
Um simples corpo e resvala sinuosa.
Sei que recordo tudo em certos momentos.

Recordo-te até como se te chamasse,
Como se corresse através do caminho
Que vais preparando junto aos precipícios.

Mas a memória revela o que não sei, 
Desfaz sequências de nome até ti.

Repito a violência e seguro uma pedra
Com as mãos- tal como as tuas- já perdidas.

Repito toda a fragilidade que o teu peso insinua
E derramo a voz ao limite - ossos e carne
Que nos atiram ao chão com o afecto da dor.


in Lábio Cortado, Prémio Manuel Alegre 2008 



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